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O que o mercado espera do profissional do futuro

Impulsionado por mudanças tecnológicas, o mercado de trabalho tem acompanhado de forma contínua e acelerada as principais tendências socioculturais. Diante do novo cenário, as condutas profissionais deverão ser mais precisas, não apenas em forma, mas em tempo, sob pena ou risco de o cenário alterar-se antes mesmo de sua compreensão.

Home Office, jornadas de trabalho flexíveis e uso contínuo de aplicativos para comunicação e execução de trabalhos já eram realidades em outros países, antes mesmo da pandemia de Covid-19. Agora são fenômenos da ‘nova economia’ (baseada em negócios criativos, escaláveis e inovadores), e alicerçadas em conhecimento’ — em que o capital intelectual tem protagonismo e se torna vantagem competitiva.

Segundo o administrador e professor na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-MG), Victor Cláudio Paradela, para se manterem relevantes, as organizações precisam ter, acima de tudo, quadro funcional adaptado às suas necessidades, em termos de conhecimentos, habilidades e atitudes. Ele conta que não basta selecionar pessoas competentes, mas encontrar aquelas que demonstrarão estar mais bem adaptadas ao tipo de organização e ao cargo que será preenchido.

Paradela ressalta que as características pessoais que se mostram vantajosas em uma determinada situação podem representar um problema em outra, sendo, portanto, qualidades relativas. “A customização, que já é um valor consolidado há mais tempo na área de marketing, chegou agora ao segmento de gestão de pessoas. Tão importante quanto ser talentoso é possuir os talentos específicos para uma determinada vaga”, diz.

Outro fator apontado como fundamental é haver equilíbrio entre especialização e conhecimento generalista. De acordo com Paradela, o profissional deverá ir além de sua área específica e entender que os fenômenos sociais e desafios organizacionais são complexos e impossíveis de serem compreendidos a partir de uma única perspectiva.

Foco em resultados, busca por aprendizado constante e capacidade de trabalhar em equipe também foram descritos como imprescindíveis para o mercado atual e do futuro. E ao contrário do que acontece nas redes sociais, o administrador ressalta que a valorização do pensamento divergente e comunicação são competências fundamentais no atual contexto pandêmico, em que negócios e serviços foram elevados a um novo patamar de importância.

“Hoje, a postura dos melhores profissionais precisa ser de abertura ao diálogo. Colocado de outra forma, é possível entender que ‘todo ponto de vista é a visão de um ponto’, e o que é deve haver é o desejo sincero pelo diálogo, com toda a riqueza proporcionada pela interação com quem pensa diferente”, destaca.

Futuro

O mercado de trabalho terá mutações mais intensas, em ciclos menores, com novas atividades sendo criadas e outras que desaparecerão, de acordo com o administrador e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Sidinei Rocha Oliveira. As empresas, segundo ele, vão procurar candidatos que possam identificar cenários externos de mudanças e, com isso, acompanhar mercados de interesse, com reconhecimento de possibilidades de migração para novas áreas, sem choques abruptos.

Na área comportamental, Oliveira classifica que o senso de responsabilidade — com pessoas, sociedade e meio ambiente — será enaltecido. “Por muito tempo foram valorizadas características com uma perspectiva individualista, tais como proatividade, liderança, resiliência. Acredito que no futuro aumentará a importância de valorizar e potencializar o coletivo: não apenas com intenção de crescimento individual, mas para criar um ambiente mais inovador, de reconhecimento e bem-estar”, considera.

Outras tendências apontadas por Oliveira são a mobilidade geográfica, interações não presenciais e maior diversidade de perfis em cada empresa. O home office também será consolidado depois da pandemia, com atenção para conciliar o espaço da família e do trabalho.

O professor ressalta, no entanto, que ao contrário do que se imagina (uma pessoa trabalhando sozinha em um espaço da casa), na pandemia, o local passou a ser compartilhado por adultos, adolescentes e crianças. Deste modo, a aglomeração comprometeria a qualidade de vida e a produtividade.

“Acredito que após a pandemia teremos outra compreensão sobre vantagens e adequações do home office, e, quem sabe, utilizar os aprendizados para práticas mais saudáveis e produtivas. De modo geral, disciplina, planejamento e organização são essenciais para estabelecer limites entre os tempos de família, lazer e trabalho”, diz.

Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA