Você está visualizando atualmente Nova política de privacidade do WhatsApp: o que mudou ?

Nova política de privacidade do WhatsApp: o que mudou ?

O WhatsApp voltou a ser o centro das atenções ao atualizar recentemente sua política de privacidade. Desde o início do ano, os usuários estão sendo notificados para aceitarem ou não as novas regras; os que não aceitarem terão a conta bloqueada. Toda a polêmica gira em torno do monitoramento e compartilhamento dos dados pessoais dos usuários, que estão migrando em massa para outros aplicativos, como o Signal e o Telegram, para preservarem sua privacidade. A certeza que se tem em meio a esse rebuliço é que as pessoas estão cada vez mais cientes de que os dados pessoais são tão importantes quanto qualquer outro ativo. É preciso lembrar, porém, que o “Zap” é apenas um entre os milhares de aplicativos e sistemas com os quais interagimos diariamente.

Primeiramente, deve-se entender o que as novas regras do mensageiro explicitam. Basicamente, o que ocorrerá é uma maior integração e compartilhamento de dados entre o WhatsApp e outras ferramentas e empresas do Facebook. Contudo, é importante ressaltar que o conteúdo das conversas não será acessado – nem mesmo pela própria empresa – já que oaplicativo utiliza criptografia ponta a ponta entre os usuários. Na prática, o compartilhamento será de dados periféricos – o que não quer dizer que não sejam importantes, pois o são – que vão dos números dos contatos com quem se interage ao horário e a localização em que interagem.

Vale ressaltar ainda que o fato de a atualização ser recente não significa que a captação de dados o é, conforme o diretor da ferramenta, Will Cathcart, em comunicado aos usuários “Nós atualizamos nossas políticas para sermos transparentes e melhor descrevermos ferramentas opcionais de pessoas para negócios”. As políticas anteriores já previam o compartilhamento, que já ocorria entre as plataformas desde 2016. Agora, no entanto, ele é compulsório, e conta com atualizações para prever integração com novas ferramentas e soluções. Mais: grande parte das novidades afeta quem utiliza comercialmente as ferramentas, de forma que o Facebook possa ser contratado e utilizado como canal para centralizar, armazenar e responder aos clientes, além de possibilitar pagamentos via ferramentas da plataforma.Não menos importante, no que se refere à LGPD (lei que rege o tratamento de dados e reserva ao titular o seu controle), a mudança deve ser mais bem estudada.

O principal ponto a ser esclarecido se refere ao compartilhamento dos dados entre as plataformas – que carece de mais transparência nas finalidades e em como o uso é feito – e o controle que o usuário deveria ter em relação ao consentimento para determinados usos completos ou parciais. Assim, apesar de a nova política apresentar certa coercitividade no aceite total dos termos de privacidade ou no abandono da plataforma, e isso gerar certa sensação de atrito com a LGPD, é preciso ter cautela nos julgamentos, buscando alinhar as questões técnicas às regras jurídicas, e aguardar mais esclarecimentos das empresas para, então, definir se de fato violam os direitos e obrigações previstos na legislação.

Vale também uma leitura aprofundada da nova política do WhatsApp para não cair em fake news e não ser sabotado por opiniões sem profundidade técnica É preciso acompanhar as verificações e pareceres de órgãos oficiais. Além disso, deve-se ficar alerta para o fato de que tanto o app de mensagens quanto o Facebook são apenas duas das várias ferramentas utilizadas e que, após instaladas, podem ter acesso aos mais variados tipos de dados possuídos e armazenados. Então, o conselho é dar a mesma atenção para as políticas praticadas por todos os outros aplicativos e buscar fontes técnicas que realizem análises confiáveis, para não tapar o sol da privacidade com uma peneira.

Abaixo seguem as perguntas mais frequentes em relação ao tema.

O que acontece se eu não aceitar a nova política?

Aqueles que não aceitarem a nova política de privacidade serão proibidos de utilizar o aplicativo. Anteriormente, a data limite estava marcada para o dia 08/02/2021, mas após intimações de órgãos brasileiros cobrando esclarecimentos sobre as novas regras e a repercussão negativa gerada ao redor do tema, o WhatsApp postergou a data-limite para que o usuário aceite a nova política e a remarcou para o dia 15/05/2021. Dessa forma, a empresa utilizará o tempo extra para explicar melhor os novos termos e dar as respostas necessárias às autoridades.

Que informações serão compartilhadas com o Facebook?

O seu número de telefone; o número de telefone dos seus contatos; seu status do WhatsApp; o modelo do seu celular; o sistema operacional do seu celular; quanto tempo você fica no WhatsApp e quais horários de uso; quantas transações financeiras você realiza no WhatsApp e quanto você gasta nelas – vale ressaltar que isso vale apenas para as ferramentas integradas ao WhatsApp (como WhatsApp pay e Facebook pay) e não outros aplicativos financeiros do celular.

O Facebook e o WhatsApp terão acesso ao conteúdo das conversas?

Não. As conversas no WhatsApp são protegidas por criptografia assimétrica de ponta a ponta. Isso quer dizer que o conteúdo da comunicação só pode ser visualizado pelos dois extremos. Criptografia é um conjunto de técnicas que transformam um texto legível em ilegível;o texto só retorna ao estado original no destinatário que detém a chave capaz de desfazer o processo.

Criptografia assimétrica: é como se cada usuário tivesse duas chaves, uma pública e uma privada. A chave privada é exclusiva de cada usuário e a chave pública é compartilhada com os demais, de tal forma que, quando se envia uma mensagem, o emissor protege a mensagem com a chave pública que recebeu do destinatário. Dessa forma, a mensagem sai protegida. Na outra ponta, só o destinatário que detém sua própria chave privada consegue ler mensagens protegidas por sua chave pública, ou seja, minha chave privada é a única que abre o que foi protegido com a chave pública que compartilhei. Como as chaves ficam armazenadas nas pontas (com os usuários) os servidores não têm acesso ao texto de modo inteligível. Esse é o mesmo método utilizado por aplicativos como Telegram e Signal.

Como os dados compartilhados podem ser utilizados?

Os dados podem ser utilizados para medir a interação do usuário com a ferramenta, assim as empresas podem mapear as preferências individuais e fornecer ou oferecer novas utilidades ou produtos.

Que aplicativo posso utilizar caso queira sair do WhatsApp?

Dois aplicativos que estão em alta são o Signal e o Telegram. O Signal é desenvolvido por uma fundação sem fins lucrativos, que conta também com criptografia ponta a ponta, além de proteger outros dados periféricos. Já o Telegram, também protegido com criptografia ponta a ponta, que possui diversas funcionalidades, não tem todos os dados criptografados como o Signal. Segue uma comparação para auxiliar na escolha:

WhatsApp

Signal

Telegram

Sigilo do número do telefone

Não

Não

Sim

Senha para acessar o app

Não

Sim

Sim

Autodestruição das mensagens

Não

Sim

Sim, porém só com chat secreto habilitado

Criptografia ponta a ponta

Sim

Sim

Sim, porém só com chat secreto habilitado

Autenticação de chaves

Sim

Sim

Sim, porém só com chat secreto habilitado

Autenticação em dois fatores

Sim

Sim

Sim

Software livre

Não

Sim

Parcial

Membros em grupos

256

1.000

200.000

Notificações Inteligentes

Não

Sim

Sim

Fixar mensagens em grupos

Não

Não

Sim

Fixar conversas no topo do app

Sim

Sim

Sim

Silenciar todos os grupos por padrão

Não

Não

Sim

App para Android

Sim

Sim

Sim

App para iPhone

Sim

Sim

Sim

App para iPad

Não

Sim

Sim

Status Online

Sim

Não

Sim

Horário da última visualização

Sim

Não

Sim

Possibilidade de esconder o número do telefone

Não

Não

Sim

Desabilitar notificação de mensagens lidas

Sim

Sim

Não

Criar canais de distribuição para assinantes

Não

Não

Sim

Criar um nome de usuário para apresentar no lugar de seu telefone

Não

Não

Sim

Chat secreto

Não

Não

Sim

Criar enquetes para serem respondidas dentro de um grupo

Não

Não

Sim

Criar atalho da conversa como ícone no telefone

Não

Não

Sim

Editar mensagens depois de enviadas

Não

Não

Sim

Deletar mensagens de grupos como administrador

Não

Não

Sim

Rafael Vianna – Analista de Sistemas do CRA-PR