Autor: Adalberto Dias de Souza, Dr
Administrador, professor, coordenador da Divisão de Pesquisa, Pós-Graduação/Assuntos Estudantis da Unespar e delegado do CRA-PR na Seccional de Campo Mourão.
e-mail: adalbertodias.unespar@gmail.com
Gestão de talentos em tempos de pandemia. Você pode estar se perguntando, o que um assunto tem a ver com o outro? Eu digo que diretamente, nada; indiretamente, muito. Vejamos por quê?
Os registros históricos ensinam que ao logo do tempo o mundo já viveu pelos menos cinco pandemias, mas nenhuma delas com as proporções desta que está acometendo a humanidade neste ano. Então, com base nas diversas definições já catalogadas a respeito do assunto podemos, como administradores, dizer também que uma pandemia é um estado crítico que, normalmente não estamos esperando e pela sua natureza crítica e inesperada, acabamos por ter que fazer reavaliações permanentes em nossa vida pessoal e profissional e, consequentemente, lançar mão de diversas adaptações cotidianas para enfrentarmos a situação indesejada e tentarmos sair bem dela, preferencialmente, sem nenhum mal que nos acometa, tanto físico, quanto mental, pessoal e profissional.
Em outras palavras, acabamos entrando numa espiral de necessidade permanente de realização de diagnósticos e prognósticos se quisermos sair vencedores da situação. Diagnósticos, prognósticos, mudanças, criatividade e inovação permanente, cinco ações fundamentais para a sobrevivência das pessoas e das empresas, principalmente em tempos de crise, como neste momento que estamos vivendo em 2020, por causa da pandemia imposta pelo novo coronavírus. Porém, quando falamos em tais ações, precisamos ter a convicção de que as mesmas somente são possíveis de implementação por um dos recursos organizacionais necessários à qualquer empresa; as pessoas (seres humanos), erroneamente ainda denominados em algumas organizações como meros “recursos humanos”.
Pois bem, esses seres humanos, se adequadamente recrutados, selecionados, contratados, e integrados à organização, pela área responsável pela gestão de pessoal da empresa, poderão vir a ser os únicos recursos organizacionais capazes de fazer a diferença entre o fracasso e sucesso da mesma, principalmente em tempos de crise e dificuldades incomensuráveis, como a que estamos atravessando neste momento da história. Isto porque é com base e a partir do talento destes colaboradores que poderão advir ideias e soluções capazes de proporcionar ao empreendimento, condições que superar as dificuldades impostas pela crise resultante desta pandemia.
No entanto é necessário também deixarmos claro que em qualquer empreendimento, compete ao administrador ou aos seus administradores, agir com criatividade e inovação para superação das barreiras e dificuldades, superação está que deverá ser feita por meio da capacidade realizadora dos talentos humanos que atuam a serviço da empresa. Mas, uma pergunta que normalmente surge neste momento é como fazer isso? Então, antes de tentarmos responder este questionamento, é importante dizermos que não se trata aqui de tentarmos prescrever uma receita para a gestão das organizações, até mesmo porque isto não seria apropriado nem tampouco recomendado, justamente pelo fato das empresas, embora muitas vezes semelhantes em diversos aspectos, serem, em muitos casos, corporações singulares, devido justamente às características que seus gestores lhes atribuem, no intuito principal de proporcionar a elas, diferenciais competitivos em relação as suas concorrentes que atuam no mesmo segmento de mercado.
Mas, voltemos à questão, ou seja, como superar as dificuldades impostas pela crise, por meio da capacidade realizadora das pessoas, ou melhor, dizendo, dos talentos que colaboram cotidianamente na organização?
Podemos dizer que o sucesso de uma estratégia para retenção de talentos requer, inicialmente, identificação dos mesmos na organização. Assim, é necessário ao administrador mapear os talentos existentes na empresa. Para isto é necessário, primeiramente, equacionarmos o significado do termo; o talento de um colaborador pode ser entendido como um tipo de matéria-prima fundamental para a criação e implementação de soluções inovadoras na empresa. Talento pode referir-se a experiência profissional agregada num conjunto diferenciado de competências, isto é, conhecimentos, habilidades e atitudes, características tais que acabam por diferenciar dos demais, o profissional que as possui. Desenvolver de acordo com as características do negócio, implantar e manter em funcionamento, ferramentas de auxílio à gestão de pessoal que permitam diagnosticar fragilidades, desempenho, aspirações e potencial dos colaboradores, tais como Avaliação de Desempenho e Potencial Humano (ADPH) é uma atribuição que todos os gestores devem assumir com responsabilidade, pois isto pode ser fundamental na identificação e mapeamento das características dos talentos existentes na empresa.
Podemos entender a retenção de talentos como sendo uma forma de valorização dos colaboradores. Assim sendo, depois de identificados e mapeados é hora de criarmos os mecanismos internos para manutenção e retenção dos mesmos na organização. Para isto, conforme já identificado em pesquisas realizadas sobre o assunto, os programas de desenvolvimento gerencial, aliados a programas de remuneração fixa e variável, benefícios sociais obrigatórios e facultativos, e gestão de carreiras, tem se mostrado ferramentas eficientes e eficazes na obtenção deste propósito.
Entendemos que esta situação causada pela pandemia do novo coronavírus requer dos gestores, um olhar ainda mais atento aos ambientes externo e interno das organizações, bem como o aprimoramento das ferramentas e técnicas utilizadas para gestão de pessoal, principalmente no intuito identificar os talentos existentes e mantê-los na empresa, pois tal atitude pode significar a diferença entre o sucesso e o fracasso da mesma, neste momento tão crítico que estamos atravessando. Portanto, mãos à obra porque em algum momento, tudo isto vai passar e as empresas que conseguirem manter seus talentos humanos poderão chegar lá na frente, já com alguma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes. Reter e engajar talentos são ações fundamentais para a sobrevivência dos negócios; as empresas deveriam estar focadas nesse objetivo.
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